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Lazy Lover Undercover

Lazy Lover Undercover

Some, de vez

Depois de 4 meses de cura, em que consegui ficar a 80%, ele decide voltar e levar-me de volta ao zero.

Durante este 4 meses, tive esperança que ele reconsiderasse e me voltasse a falar, que percebesse que a reacção que teve não foi a melhor e quisesse, pelo menos, entender a sério o que se tinha passado e ficar bem comigo. Bem, isto é, sem ressentimentos. Que desse, pelo menos, para nos cumprimentarmos, caso algum dia nos cruzássemos na rua. Andei a contar os dias, até deixar de o fazer.

E, no sábado, sem contar, recebo uma mensagem dele: "M, até hoje não consegui perceber o que aconteceu entre nós. Queres ir dar uma volta hoje e conversar em condições?". Apanhou-me em casa depois da meia noite. Conversamos, voltei a repetir o que já tinha dito, da última vez que falamos. Que não gostava de estar por estar, que preferia andar e ver e expliquei-lhe que senti uma diferença enorme entre a primeira vez que estivemos juntos e a segunda. Se na primeira foi tudo óptimo, a segunda foi a despachar.

| Foi depois dessa segunda vez que percebi, que era um grande erro continuar com aquela "amizade colorida". Uns dias depois disse-lhe que não queria mais, que não fazia sentido para mim. A conversa descambou e ele entendeu tudo ao contrário. Ainda nos chegamos a encontrar para falar melhor, mas não adiantou de nada. |

Ele pediu desculpa. Disse que ficou muito ofendido com o que eu tinha dito, mas que já tinha percebido que tinha sido um mal entendido. Disse que não me queria magoar, mas que eu só considerava a hipótese de as coisas entre nós correrem bem e darem em alguma coisa. E ele não queria isso. Era exactamente o contrário. Eu considero sempre o pior cenário. Nunca dei certo com ninguém, porquê que haveria de dar com ele? Nem sei estar com ninguém, só sei estar sozinha. Disse-lhe isto tudo e ele no fim perguntou: "Estamos esclarecidos?" e eu respondi "Estás esclarecido?". Ele riu-se, achou o meu tom agressivo, mas engraçado. Fiquei a olhar pela janela do carro e ele continuou: "Olha para mim, porquê que não olhas para mim?". Lá olhei e ele beijou-me.

Não senti nada, mas deixei-me levar. Pouco depois, o ambiente começou aquecer e ele sussurou um "quero estar contigo". Eu afastei-me e disse-lhe: "Não vai dar". Não ia preparada. Rolou pouco mais que aquilo e no fim ainda estivemos abraçados uns largos minutos.

Ontem, três dias depois disto, manda-me sms a perguntar se vou estar cá no fim de semana. Eu a achar que ele queria combinar um dia para estar comigo, afinal era o oposto. "Queria falar contigo pessoalmente. Não faz sentido para mim continuarmos com isto. Não quero adiar o inevitável e magoar-te. Achei que ia sentir alguma coisa mais, mas a verdade é que não sinto o suficiente para continuar.”

Nunca me tinha acontecido, mas quando li a mensagem fiquei atordoada. A cabeça começou a doer-me de maneira estranha e os meus olhos deixaram de focar, senti-me tonta. Isto durou uns longos segundos. Quis responder-lhe mal, mas depois respirei fundo. E se numa primeira resposta lhe disse que não o entendia, na segunda e última disse-lhe que, pela primeira vez, estávamos na mesma página. Que ele não precisava de falar pessoalmente, que eu entendia e estava tudo bem. Foi a única maneira que arranjei de sair por cima e não me permitir voltar ao buraco negro onde andei nos últimos meses.

Para mim está resolvido.

Não sou carnal. Sou emocional.

Andava feliz da vida, a achar que estavamos na mesma página, que queriamos os dois o mesmo, com um primeiro beijo dado ao som de Tom Misch e tudo! Afinal… “M, o caqui (ou lá o raio do termo que ele usou) não é sério”.

Não contava. Nada mesmo. Muito menos depois da situação constrangedora do verão. Já me tinha convencido de que, pelo menos nos próximos 5 anos, não voltariamos a ter qualquer tipo de contacto. Por isso, aquela mensagem em janeiro apanhou-me mesmo de surpresa. Queria tomar café, fiquei meia incrédula e perguntei-lhe: “a sério?”. A questão é: para quê insistir, para quê voltar a tentar, se é só para ter uma cena que não é séria? Está comigo assim, como podia estar com outra pessoa qualquer. Diz que sempre me achou graça, mas, caramba, a graça é assim tanta que para ele compensa o "investimento" nesta cena não séria?

Gostava de ter sabido mais cedo que isto não era sério. Ainda assim, um dia depois desta conversa, deixei-me levar completamente. Há 6 anos que não estava com ninguém. Tinha-lhe falado dos meus medos e traumas e ele quis dar-me a melhor experiência possível. Já estava completamente na dele, antes de isto acontecer.

Esta história vai correr tão mal para mim. Não me dou com amizades coloridas.

Tenho que me focar no facto de ser um gajo que é mesmo meu amigo, não é alguém que conheci há meia dúzia de meses. Conheço-o há mais de dez anos e sempre nos demos bem, perdemos foi o contacto, a dada altura. Que vai ser sempre honesto e que essa honestidade vai ser tão crua que me vai magoar, como magoa sempre. Que, para mim, não é um qualquer. 

A longo prazo, o arrependimento vai ser inevitável. Não sou carnal. Sou emocional.