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Lazy Lover Undercover

Lazy Lover Undercover

A minha mãe reformou-se

A minha mãe reformou-se. Trabalhou durante 44 anos, 40 dos quais no mesmo sítio. Está-me a bater mais a reforma dela do que os meus 30, feitos entretanto. As colegas só foram informadas dois dias antes, ela não queria que se soubesse, porque lhe custam muito as despedidas. Mesmo assim, prepararam-lhe uma surpresa. Ela não aguentou e fartou-se de chorar. Vi um vídeo que alguém filmou da despedida que lhe fizeram e, meu deus, o que ela chorava, o que ela soluçava! Nunca a tinha visto assim! Desmanchei-me a chorar também. Isto assusta-me tanto. Dá-me tanto medo. Medo por ser uma espécie de lembrete bombástico de que a minha mãe está velhota, e oficialmente na terceira idade, e não saber como vai lidar com a reforma. Medo que lide mal e definhe, medo que seja atingida por uma súbita doença que não a deixe usufruir do tempo que lhe resta e não saber quanto tempo será esse, mas que será cada vez mais curto. Medo de a perder. Acho que no fundo é isso. Não sei viver sem ela.

Pensei que estava bem

Pensei que estava bem, mas continuo com a cabeça toda lixada. Não gosto de trabalhar sem parar e não ter tempo para descansar, mas continuo a precisar do trabalho para me salvar. Um dia de folga ainda não é tranquilo. A ansiedade de um possível primeiro date atira-me completamente ao chão. Quero as condições perfeitas, sobretudo mentais, e não as tenho. E só me dá para chorar e sentir-me uma inútil e querer poder continuar a ser solteira para sempre. O vazio não é fixe, mas é confortável, a ansiedade da novidade dá cabo de mim, deixo de saber ser eu.

Se é justo, porque me sinto mal?

Fui ao estrangeiro em trabalho, cobrir um evento de uma mega empresa internacional, e vivi uma situação de merda.

Numa das noites, fomos filmar um jantar a um restaurante e, a dada altura, fui completamente abalroada por um dos empregados. Agarrou-me no início de umas escadas e depois levou-me ao encontrão até ao fim delas. A cena toda não durou sequer 1 minuto. Foi tão what the fuck que, nos primeiros cinco segundos, eu achei que era um dos meus colegas a agarrar-me por trás e a fazer-me aquela brincadeira estúpida do “isto é um assalto”, só que aquilo não parava. Virei-me para trás e vi um velho colado a mim a empurrar-me. Ainda tentei parar de lado e encostar-me para o deixar passar, mas ele, em vez disso, com todo o espaço que tinha ao lado, não me deixou e continuou atrás de mim, a empurrar-me. E foram empurrões violentos, enquanto berrava comigo na língua dele, que eu pouco ou nada percebia. Só parou no fim das escadas e ainda mandou vir com os meus colegas, que não se aperceberam de nada do que tinha acabado de acontecer.

Senti-me um autêntico objecto a ser levado ao estouro escadas acima. O empregado fez de mim o que quis. Encostei-me num canto a assimilar o que tinha acabado de acontecer, com os nervos as lágrimas vieram-me aos olhos, então, fui à casa de banho chorar 5 minutos, recompus-me e voltei ao trabalho.

Por mim, a situação tinha morrido ali e nunca ninguém teria sabido dela, mas houve duas pessoas da tal mega empresa que viram e um deles foi contar ao patrão. A situação escalou de uma maneira surreal. O patrão veio-me perguntar o que se tinha passado e depois foi pedir justificações ao pessoal do restaurante. Mandou chamar o gerente, o dono, a certa altura já falava até em polícia. Depois contaram-me que a situação só se descontrolou, porque o pessoal do restaurante nem um pedido de desculpas queria fazer e ainda gozaram com a situação de tal maneira que o patrão perdeu as estribeiras.  

Enquanto aquilo acontecia, eu só rezava para que acabasse. Estava-me a sentir mal e não queria arranjar problemas a ninguém. Agora, que já passaram uns dias e já consegui reflectir sobre o que aconteceu, dou graças por ter sido feito alguma coisa e a empresa que nos contratou não ter deixado passar em branco a situação. Uma pessoa leva com tanta merda, às vezes, e nunca acontece nada, que quando finalmente alguém faz alguma coisa e há consequências, sentimo-nos mal, porque não queremos prejudicar ninguém. Mas, foda-se, eu não só não fiz mal a ninguém, como não tinha que ter levado com aquilo, nem ser tratada daquela maneira. Ninguém tem o direito de andar com uma pessoa ao estouro. Por muito stressado que o empregado estivesse, não tinha sequer que me ter tocado com um dedo, quanto mais daquela maneira. Eu também estava a trabalhar, ainda por cima no estrangeiro, nem sequer me conseguia explicar na língua dele, nem me podia passar, por estar a trabalhar e ter uma postura a manter.

Não sei o que se passou na cabeça do empregado, se é sempre assim ou se estava num dia mau. Sei que, se tivesse sido um dos meus irmãos no meu lugar, aquilo tinha dado molho na hora. Não sei se o empregado teria feito o mesmo, se fosse um homem no meu lugar. Sei que se tivesse sido com o meu patrão, ele não teria ficado calado. Sei que situações de merda como estas têm de ter consequências, ou nunca nada vai mudar, o problema é que raramente têm. Sei que, apesar de tudo, me continuo a sentir mal pelo empregado, e com o que lhe possa vir a acontecer, mas dado tudo o que se passou e que fez a situação escalar, o mais provável é não acontecer nada. Mas, se acontecesse, seria justo, mas se é justo, porque me continuo a sentir mal?

2022: das crises existenciais à aceitação

Coisas de que me apercebi este ano: nunca mais volto a ser tão jovem como agora. A partir daqui é sempre a piorar. As brancas já começam a ser demasiadas. Com que idade é que, geralmente, as mulheres começam a pintar o cabelo para as disfarçar? Tenho de arranjar maneira de lidar bem com o envelhecimento, acho que me esqueci que o tempo passa para toda a gente e que a juventude não dura para sempre.

O ano de 2022 começou muito mal. Primeiro o ghosting do outro idiota. Depois o meu patrão, que andava insuportável e me tratava mal, pondo-me a rezar para que o estágio acabasse rápido. Entretanto, ele acalmou, o estágio acabou e eu continuei a trabalhar lá, mas agora com contrato. Também levei algumas facadas e afastei-me de alguns amigos.

Mas nem tudo foi mau. Comecei a aprender alemão, objectivo que tinha traçado para este ano, fui ao Alive ver Florence and The Machine, passei o meu aniversário em Lisboa com uma grande amiga. Dei um saltinho à Madeira, em trabalho, uma viagem de 24h, e fiquei com muita vontade de voltar. Fui passear a Zamora e a Salamanca no Verão e compensou muito. Deixei de esperar por companhia para poder fazer coisas que queria fazer, como ir a concertos, por exemplo. É tão bom não estar dependente de ninguém. Ainda não foi desta que dei uso à carta de condução, nem que fui para fora, embora a vontade continue a ser muita. Também pus, finalmente, aparelho nos dentes, há anos que o queria fazer. Daqui a 11 meses tiro e tenho a certeza de que me vai ajudar a ganhar um bocadinho mais de confiança e a sorrir à vontade, sem ter sempre o reflexo de tapar a boca.

2022 foi também um ano de muitas crises existenciais, mas daquelas lixadas de me porem a questionar tudo e me fazerem chegar à conclusão de que não há sentido em nada e que não estou aqui a fazer nada. Tem me acontecido muito a cena de sentir que não vivo, que as coisas que me acontecem, não me estão a acontecer, que sou incapaz de absorver as experiências que vivo, no momento. Que não retenho nada do que experiencio e que não sou capaz de desfrutar de nada. Também ainda não foi desta que fui a um psicólogo. Se calhar, uma boa resolução para o novo ano seria começar a perceber que não posso depender de mim para tudo, aceitar ajuda às vezes é necessário e está tudo bem, não sou menos por isso.

Para quem me leu este ano, muito obrigada. Não imaginam o quão terapêutico é vir aqui escrever. Poderia continuar a fazê-lo num simples documento word, mas não é de todo a mesma coisa. Saber que há alguém que, em dado momento, me lê e que, por vezes, até comenta com palavras encorajadoras e conselhos, aquece-me a alma e ajuda-me a seguir caminho.

Um bom ano para todos.

Engolir em seco

Não sei se foram os 28 que vieram mexer com tudo ou se, numa infeliz coincidência, se cruzaram com um desregulo qualquer hormonal, mas nestas últimas duas semanas que passaram, desde que os celebrei, tornei-me um caco. Estou toda lixada da cabeça. Não sei se, a par disto, a minha cabeça deu um boom qualquer por causa das facadas que recebi, entretanto, se os sapos todos que engoli fizeram a minha alma rebentar...

As minhas "amigas" espetaram-me alta facada ao marcarem um jantar de mulheres (o primeiro dos últimos 10 anos) para o meu dia de anos, sabendo perfeitamente o dia que era e que eu não ia, quer estivesse cá, quer não estivesse. E, depois, a organizadora de tudo isto, a mesma que sugeriu o dia e perguntou "não te importas, pois não?" ainda teve a lata de me parabenizar com um "parabéns amiga, espero ver-te em breve". Really bitch?! Fuck you! Achei uma falta de respeito, noção e consideração. Eu jamais faria sequer parecido a qualquer uma delas.

Fui ao Nos Alive, ver Florence + The Machine, que era tudo o que eu mais queria, passei a meia noite dos meus anos no concerto a ouvir a "Hunger", que é das minhas músicas preferidas deles e não me conseguia sentir bem, não estava a conseguir desfrutar, sentia-me vazia. Diria que estive em concordância com a canção. Na viagem de regresso para casa, dois dias depois, e que durou mais de 4 horas, tive alto meltdown no autocarro. Quando cheguei a casa, já estava recomposta, mas tive de lidar com o meu pai que estava insuportável, a criticar tudo e mais alguma coisa como sempre, e com o stress da minha mãe, uma bomba relógio, que só quer, à força toda, que esteja sempre tudo bem.

A situação no trabalho, que esteve tranquila durante uns meses, azedou outra vez e estou mesmo a ficar de saco cheio. Paciência zero para a besta do meu patrão. Farta que o meu colega fique com os louros todos de trabalhos em que eu fiz metade ou mais de metade. Farta do estúpido do meu patrão, que não valoriza nada do que faço, que me humilha em frente aos clientes, que arranja sempre maneira de me culpar de coisas que ele decidiu sozinho. Farta de lhe perguntar sobre o meu contrato e de ele não ser capaz de me dar uma resposta clara. Fiquei de o assinar há duas semanas e até agora nada. Só está preocupado com o eventual prémio que pode vir a receber, por me empregar depois do estágio, de resto, não se podia estar mais a cagar. Não vou tolerar muito mais tempo tanta falta de respeito junta, um dia destes vou rebentar. Só me mantenho, porque preciso desesperadamente de ter pelo menos dois anos de experiência, para depois ser mais fácil arranjar trabalho noutro lado qualquer.

O *#?=º." do D. basicamente fez-me ghosting, há mais de 6 meses, e isto tem me batido imenso, nos últimos tempos. Dei-lhe uma nova oportunidade e ele voltou a estragar tudo e, desta vez, foi pior, porque me tirou da paz em que estava e só me lixou. O corpo e a cabeça. Deixou-me na merda, fez-me e faz-me sentir um lixo. Para quê aquilo tudo, no ano passado, se era para me fazer isto e me deixar assim?

Tenho engolido em seco tantas vezes, para não começar a chorar do nada. Parece que tudo o que já estava mal afunilou agora. Lá está, coincidiu com esta entrada nos 28, qual maldição. Virou um peso difícil de suportar. Acho que vou começar a ir a um psicólogo. Não tenho ninguém com quem falar e há anos que quero ir, acho que chega de adiar. Vou esperar uns dias pela consulta com o meu médico de familia, para lhe pedir sugestões. Até lá, é continuar a engolir em seco, um dia de cada vez.

Senhor, me dê paciência, para aturar o meu patrão

Se, no início, senti que tinha voz e que a minha opinião importava, agora, voltei a ter medo de abrir a boca. Está sempre mal disposto, sempre na iminência de se passar. Se pergunto alguma coisa, que para ele é óbvia, diz-me "já devias saber isso", "essa pergunta é estúpida", "perdeste uma boa oportunidade para ficares calada" e, ainda, "faz mais e pergunta menos". No outro dia, passou-se, porque me deu uma tarefa, no entender dele fácil, mas que, para mim, não era assim tão fácil e, em vez de lhe perguntar alguma coisa ou de lhe pedir ajuda, tentei resolver por mim. Acabei por demorar muito tempo a fazer algo, que podia ter sido feito em pouco tempo. E, não lhe perguntei nada, porque não queria levar com uma das respostas de merda dele, nem levar com uma explicação que me deixa ainda mais confusa, como é seu apanágio, nem levar com uma resposta torta e ficar-me a sentir a pessoa mais burra à face da terra. Mais, já no fim, quando já tinha terminado o trabalho, e depois de ele me dizer que estava bem feito, é que me veio explicar como se fazia. Tive que respirar fundo para não lhe responder "obrigada, mas essa explicação tinha dado jeito no início, e não agora, que já descobri como se faz e que já está feito!".

A cada dia que passa, encontro paz no pensamento de que o fim do estágio se está a aproximar. Neste momento, faltam, precisamente, 4 meses para isto acabar. Sim, estou a aprender imenso. Tirando o patrão horrível que tenho, tem sido uma experiência hiper enriquecedora, tenho tido oportunidade de viver coisas fixes, de conhecer pessoal fixe, de estar em contacto com empresas sobre as quais nada sabia, de abrir horizontes. Mas, sinto que fiquei mais atada do que era, que estou a perder discernimento e que a minha paz está a chegar a níveis negativos.

Uma segunda-feira destas, cheguei ao gabinete e percebi logo pelo "bom dia" dele, que havia alguma coisa de errado. Foi mais seco e antipático do que o costume, mas ao meu colega, que chegou com 20 minutos de atraso, deu-lhe o olá mais afável do mundo e ainda mandou uma graçola para se rirem os dois. Evitei ao máximo qualquer contacto com ele. Passado umas horas, olhou para mim com um olhar fulminante e disse-me que fiz uma asneira. Perguntei-lhe onde, porque não me lembrava mesmo de a ter feito, e ele respondeu-me inflamado "eu é que não fui de certeza!". Mas eu disse que foi? Eu só perguntei onde tinha sido, para poder ver no meu computador a dita asneira e garantir que não a voltava a repetir.

Uma altura, passou-se comigo, por causa de uma porcaria de uma lente e ainda me disse "e não olhes para mim com essa cara, como se eu não tivesse razão nenhuma no que estou a dizer!". Eu estava em silêncio, a ouvi-lo e a tentar não mostrar qualquer tipo de reacção, a rezar para que ele se calasse. Engoli em seco, para não começar a chorar de nervos, e respondi-lhe "é a minha cara, o que queres que faça?!" e a namorada dele, que também lá estava, interviu e disse "alguém acordou mal disposto da sesta que fez de tarde", só para acalmar os ânimos. Passado dez minutos, já estava calminho e a mandar piadas. E eu ainda sorri, só para não contribuir mais para o ambiente pesado, nem levar com piadas machistas de estar sensível e irritada por estar com o período, como já o ouvi dizer de uma outra colega.

Ter de levar com um patrão assim é altamente frustrante e desmotivante. É machista, tem um feitio horrível, acha-se o dono da razão, é hiper confuso e incoerente. Nunca chega a horas a lado nenhum, nem quando temos clientes à espera, e as secas que já me deu! Acha que pode falar como quer, quando me tento justificar, começa a falar por cima em tom jocoso. Explica uma coisa a 10% e espera que uma pessoa entenda a 100%. Percebe sempre tudo ao contrário. Tenho a certeza absoluta que, qualquer pessoa que já tenha trabalhado ali com ele, dirá o mesmo. Depois admira-se que o pessoal se despeça e de ficar sem equipa. Quando comecei a trabalhar ali, as três pessoas que trabalhavam com ele tinham acabado de se despedir e ele tinha chamado de urgência uma antiga colega, com quem tinha trabalhado anos antes (colega essa que, entretanto, também se despediu, porque lhe ofereceram uma oportunidade melhor). Ninguém aguenta muito tempo a trabalhar com uma pessoa assim. Eu estou há 8 meses e só me quero ir embora.

2021

Estágio Profissional na área - Este ano, pela primeira vez desde que acabei o mestrado, em 2017, não tinha como objectivo arranjar trabalho na área. Tinha planeado arranjar um emprego qualquer, mal começasse o ano, numa loja, num restaurante, qualquer coisa que me permitisse juntar dinheiro para ir para fora, por volta de maio. Desde o voluntariado que fiz na Polónia, no final de 2020, que fiquei cheia de vontade de sair daqui e viver no estrangeiro, mas desta vez por um período mínimo de 6 meses. Andava a candidatar-me a alguns voluntariados de longa duração e a ter entrevistas online, quando vi uma vaga para a minha área, numa empresa fixe e muito perto de minha casa. Mandei currículo por descarga de consciência e, no dia seguinte, responderam-me com um convite para uma entrevista presencial. A entrevista ficou marcada para o dia 3 de junho, curiosamente, o mesmo dia em que fiz as pazes com o D. Naquele dia, parece que os astros se alinharam todos para mim. A entrevista correu super bem e, três horas depois, estava com o D, que já não via há 2 anos, a resolver a bem a nossa história. Fiquei com a vaga e, uns dias depois, comecei um estágio profissional como videógrafa. Tudo o que sempre quis. Tenho aprendido muito e há dias em que penso que podia ficar ali muito tempo, que seria feliz. Mas depois há outros, que me dão vontade de mandar tudo pelo ar e me fazem desejar que o tempo passe rápido, para o estágio acabar e eu me passar ao aço dali. Um dia de cada vez.

Aulas de Francês – Um dos objectivos que tinha definido para este ano era chegar ao nível B1 em francês. Não sei se cheguei lá, mas que aprendi muito francês, lá isso aprendi. Durante dois meses, tive aulas de francês online e compensaram muito. Aprendi imenso. Só parei com as aulas, porque comecei a trabalhar. No total, foram três cursos e quase 150h de aulas. Mais o Duolingo, que é uma maravilha de aplicação, para quem quer aprender línguas.

Galiza – Todos os anos, viajo pelo menos uma vez. Este ano, foi a primeira vez, desde há 6 anos, que não viajei de avião para nenhum lado. Fui de carro até à Galiza, com uma amiga e a namorada dela, durante três dias, e adorei. Estive em Baiona, Vigo e nas Ihas Ons e achei tudo tão bonito. Só tive pena de ter sido tão pouco tempo. Tinha ficado na boa uma semana.

D. - Claro que o D. também marcou o meu ano. Mesmo que a nossa história fique por aqui, este ano ficamos a conhecer-nos melhor e vivemos coisas fixes. Já tínhamos estado juntos antes, mas passarmos a noite juntos e acordarmos abraçados foi a primeira vez. Cozinharmos juntos, também aconteceu pela primeira vez este verão. Vermos filmes e séries juntos, também. Foi o mais próximo que tivemos de uma relação a sério.

Banda Sonora - No primeiro semestre, só ouvia uma playlist de músicas que costumava ouvir na Polónia, punha-me sempre bem disposta. Quando a tristeza batia, virava-me para London Grammar. O segundo semestre foi todo para Florence + The Machine. A Florence é a única artista no mundo em cujas letras me revejo. Tem músicas para tudo o que sinto e que quero dizer e não consigo. Termino o ano com a "What kind of man" a tocar em loop.


Trabalho na área ou voluntariado?

Como tem vindo a ser meu apanágio, quando não estou a fazer nada, nada acontece e, quando finalmente arranjo o que fazer, chovem propostas de outros lados. Depois de muito tempo a morrer na praia, a ficar em segundo lugar em processos de recrutamento, que duraram meses, e com estágios e trabalhos prometidos, que nunca chegaram a acontecer, decidi candidatar-me a um voluntariado do Corpo Europeu de Solidariedade. Assim que fui selecionada para participar, fui contactada por um antigo professor da universidade, com duas propostas de trabalho na minha área. Tudo o que eu queria, na pior altura possível. 

Em tempos tão incertos como estes, a probabilidade de me cancelarem o voluntariado, por causa do agravamento da pandemia, é bem grande. Da mesma forma, ninguém me garante que, se por acaso for escolhida para algum dos trabalhos, estes não fiquem sem efeito, também, por causa da pandemia. 

Andei a morrer de ansiedade, até ser capaz de contar ao meu pai sobre o voluntariado. Contei-lhe, quando ele me perguntou como andava eu de trabalho. Eu podia ter-me facilitado a vida a mim própria. Dizia que ia fazer um voluntariado e não falava das propostas que tive. Mas não tive coragem de omitir nada e desbronquei-me logo. Para piorar a situação, ele não entendeu que o voluntariado já era certo. E, agora, estou metida numa situação altamente stressante e dilemática.

Adorava fazer o voluntariado, é pouco tempo, um mês e meio, é no estrangeiro e ia fazer-me crescer imenso. Ia viajar sozinha, pela primeira vez, viver num país que não o meu, cozinhar para mim, todos os dias, governar-me sem ajuda, e, quero acreditar, ajudar e levar alegria a quem mais precisa. Ia ser a experiência, pela qual tenho ansiado, estes anos todos.

Candidatei-me na mesma às tais propostas, de que o meu professor me falou, e, para as quais, me recomendou. Agora, é esperar que ninguém goste do meu currículo, nem do meu portefólio, e que não me chamem, para poder fazer o voluntariado de consciência tranquila. Por outro lado, se escolherem e o trabalho for mesmo irrecusável, não sei com que cara vou cancelar a minha participação, que já era certa, num voluntariado que ia adorar fazer, a três semanas de começar.

Posso, também, estar a pôr a carroça à frente dos bois e nenhum dos responsáveis das propostas ter qualquer interesse em contratar-me e toda esta ansiedade ser escusada. Ou, os astros estarem todos impecavelmente alinhados e poder fazer os dois, o voluntariado, até ao fim de dezembro, e começar o trabalho só em janeiro. Mas, claro que situações ideais nunca acontecem.

Nota: nunca mais contar a ninguém que tenho uma entrevista

Depois de ontem, tenho uma lei a aplicar: nunca dizer a ninguém que vou ter uma entrevista de emprego/estágio profissional/o que for. Mantenho a calma, relativizo, tento não dar muita importância, até porque é só uma entrevista, são mil cães a um osso e a hipótese de ficar eu com o lugar é muito pequena. Contudo, as pessoas à minha volta, que sabem da entrevista (neste caso eram só 3), stressam-me até mais não.

 

Primeiro, batem à porta do meu quarto com tanta força que parece que a vão mandar abaixo, berram pelo meu nome para eu não adormecer e o pior é que fazem tudo isto meia hora antes da hora a que tinha de acordar. Desde os tempos da escola que não preciso que ninguém me acorde, por que raio precisaria que me acordassem nesta situação? Ainda por cima desta maneira?!

 

Depois, mandam-me mensagens com discursos inspiradores a pedir para eu manter a calma, que é só uma entrevista... Isso sei eu! Essas mensagens, por melhores intenções que tenham, têm o efeito oposto do que queriam. É que ao dizerem esse tipo de coisas só estão a contribuir para que eu fique mais nervosa. Epa, um "boa entrevista" chegava, mas se não dissessem nada ainda era melhor. Falamos no fim.

 

Por fim, já depois da entrevista, perguntam como correu e eu explico, mas se a resposta não for boa, ou pelo menos não tão boa como contavam, ficam com um olhar que é um misto de pena com zanga, como se o pensamento que corre na cabeça no momento fosse "fogo, ainda não é desta que esta rapariga se desenvencilha". 

 

Por isso, para a próxima dispenso tudo isto, cortando o mal pela raiz.