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Lazy Lover Undercover

Lazy Lover Undercover

Engolir em seco

Não sei se foram os 28 que vieram mexer com tudo ou se, numa infeliz coincidência, se cruzaram com um desregulo qualquer hormonal, mas nestas últimas duas semanas que passaram, desde que os celebrei, tornei-me um caco. Estou toda lixada da cabeça. Não sei se, a par disto, a minha cabeça deu um boom qualquer por causa das facadas que recebi, entretanto, se os sapos todos que engoli fizeram a minha alma rebentar...

As minhas "amigas" espetaram-me alta facada ao marcarem um jantar de mulheres (o primeiro dos últimos 10 anos) para o meu dia de anos, sabendo perfeitamente o dia que era e que eu não ia, quer estivesse cá, quer não estivesse. E, depois, a organizadora de tudo isto, a mesma que sugeriu o dia e perguntou "não te importas, pois não?" ainda teve a lata de me parabenizar com um "parabéns amiga, espero ver-te em breve". Really bitch?! Fuck you! Achei uma falta de respeito, noção e consideração. Eu jamais faria sequer parecido a qualquer uma delas.

Fui ao Nos Alive, ver Florence + The Machine, que era tudo o que eu mais queria, passei a meia noite dos meus anos no concerto a ouvir a "Hunger", que é das minhas músicas preferidas deles e não me conseguia sentir bem, não estava a conseguir desfrutar, sentia-me vazia. Diria que estive em concordância com a canção. Na viagem de regresso para casa, dois dias depois, e que durou mais de 4 horas, tive alto meltdown no autocarro. Quando cheguei a casa, já estava recomposta, mas tive de lidar com o meu pai que estava insuportável, a criticar tudo e mais alguma coisa como sempre, e com o stress da minha mãe, uma bomba relógio, que só quer, à força toda, que esteja sempre tudo bem.

A situação no trabalho, que esteve tranquila durante uns meses, azedou outra vez e estou mesmo a ficar de saco cheio. Paciência zero para a besta do meu patrão. Farta que o meu colega fique com os louros todos de trabalhos em que eu fiz metade ou mais de metade. Farta do estúpido do meu patrão, que não valoriza nada do que faço, que me humilha em frente aos clientes, que arranja sempre maneira de me culpar de coisas que ele decidiu sozinho. Farta de lhe perguntar sobre o meu contrato e de ele não ser capaz de me dar uma resposta clara. Fiquei de o assinar há duas semanas e até agora nada. Só está preocupado com o eventual prémio que pode vir a receber, por me empregar depois do estágio, de resto, não se podia estar mais a cagar. Não vou tolerar muito mais tempo tanta falta de respeito junta, um dia destes vou rebentar. Só me mantenho, porque preciso desesperadamente de ter pelo menos dois anos de experiência, para depois ser mais fácil arranjar trabalho noutro lado qualquer.

O *#?=º." do D. basicamente fez-me ghosting, há mais de 6 meses, e isto tem me batido imenso, nos últimos tempos. Dei-lhe uma nova oportunidade e ele voltou a estragar tudo e, desta vez, foi pior, porque me tirou da paz em que estava e só me lixou. O corpo e a cabeça. Deixou-me na merda, fez-me e faz-me sentir um lixo. Para quê aquilo tudo, no ano passado, se era para me fazer isto e me deixar assim?

Tenho engolido em seco tantas vezes, para não começar a chorar do nada. Parece que tudo o que já estava mal afunilou agora. Lá está, coincidiu com esta entrada nos 28, qual maldição. Virou um peso difícil de suportar. Acho que vou começar a ir a um psicólogo. Não tenho ninguém com quem falar e há anos que quero ir, acho que chega de adiar. Vou esperar uns dias pela consulta com o meu médico de familia, para lhe pedir sugestões. Até lá, é continuar a engolir em seco, um dia de cada vez.

Pai, não sou eu que estou mal. És tu.

O meu pai faz anos. Fez questão de me dizer, várias vezes, que não queria festa de anos. Está chateado. Chateado connosco. E eu estou chateada com ele. Embora ele não saiba. Mais que chateada, estou magoada.

 

O meu pai acha que o dar-nos tudo é pagar as nossas coisas. Esquece-se é que não somos robôs. Que temos dons, sonhos e vontades que ele não pode controlar. Que não nascemos para cumprir as expectativas dele. Que o que ele acha que é o melhor para nós e que o faria feliz, a maior parte das vezes, não entra em lado nenhum na nossa vida. Porque não tem nada a ver connosco, porque não gostamos, porque não nascemos para isso, ponto. O que eu dava por ter um pai compreensivo e que me apoia. Nunca tive. Nunca terei.

 

Nunca apoiou a minha decisão de estudar comunicação. Queria à força toda que fosse para direito. E a luta que foi para mudar de ciências para humanidades, no secundário. Nunca, em 5 anos de curso (licenciatura e mestrado), me perguntou como é que estava a correr e se eu estava a gostar. Agora, já com tudo terminado, com boa média e sem nunca ir a recursos, faz questão de continuar a mostrar que não está feliz com as minhas escolhas. Acha que nunca vou conseguir fazer nada de jeito com a área que escolhi. Posso não ter um emprego das 9h às 17h, mas, para todos os efeitos, estou a trabalhar na minha área. E, de vez em quando, vou fazendo uns biscates à parte para juntar dinheiro. Nem a isso ele dá valor.

 

É triste crescer com uma pressão estúpida para ser a melhor em coisas que nunca gostei. Ter de pôr de parte aquilo em que sou boa e que me dá gozo, porque para ele não é aceitável ou digno. É até de baixo nível. Não gosta que nos contentemos com pouco. Esquece-se que o que é pouco para ele, para nós é tanto.

 

Continua preso ao passado e recusa-se a abrir os olhos. Para ele, empregos dignos continuam a ser os de antigamente. O meu não entra de todo nessa lista. Magoa-me muito que esteja constantemente a relembrar-me que sou e somos uns falhados para ele. Faz questão de estar sempre a dizer que o grande desgosto da vida dele é não ter um filho médico. Se ele que veio do nada o conseguiu ser, nós que tivemos tudo tinhamos mais do que obrigação de o ser também.

 

Mas pai, não sou eu que estou mal. És tu. Tu que insistes em ser um pai ausente. Tu que não falas connosco, a não ser para "ralhar". Que não dás carinho. Que não te esforças por ser compreensivo. Que nunca soubeste o que é apoiar. Tu que contribuis para que seja insegura e não tenha confiança nenhuma nas minhas capacidades. Tu que, continuamente, mostras que nunca serei suficientemente boa para ti. Tu que achas que a nossa obrigação é cumprir as tuas expectativas. Tu que achas que te devemos a nossa felicidade e sanidade mental. Tu que tens uma percepção de amor distorcida e, por muito que tentemos mudá-la, tu recusas deixar-te mudar.  Tu.

 

Quem me dera que não fosses médico.

 

 

"Acho que às vezes os pais querem tanto o sucesso dos filhos que acabam por não se aperceber que a felicidade está no livre-arbítrio deles e no incutir da confiança. Eles não têm que corresponder a uma vontade dos pais. Percebes? Está tudo retorcido." Manel Cruz, 7 de janeiro de 2018, Observador

 

 

A novela que é a vida da minha mãe

A minha mãe tem uma história de vida que parece uma novela. Nunca conheceu o pai, só viveu com a mãe até aos 4 anos e depois foi para uma instituição, onde esteve até aos 20 e tal anos, e por onde passou coisas que nem imaginadas. A cada história que me conta, o meu coração aperta mais. Já a aconselhei a escrever sobre esses mil episódios porque passou, acho sinceramente que ia ser uma boa terapia para ela.

 

Ontem, uma prima da terra ligou-lhe e deu-lhe uma grande novidade sobre o pai e sobre a familia dele.

 

A versão que se conhecia até agora era que o pai da minha mãe tinha ido para o Brasil, quando a minha mãe nasceu, e nunca mais tinha voltado. Parece que afinal a história não é bem assim. A minha avó veio do Brasil para Portugal grávida da minha mãe. O meu avô, que era português emigrante no Brasil, não pôde vir logo. Quando já tinha tudo pronto para vir, soube que a minha avó andava metida com um familiar dele e ficou com um desgosto tão grande que não chegou a vir. E nunca mais voltou. 

 

A verdade é que agora os meios irmãos brasileiros da minha mãe a querem conhecer.

 

A minha mãe está curiosa e bastante entusiasmada, embora diga que não. Acredito que esta nova versão dos factos lhe tenha trazido algum alívio e paz, por perceber que a história estava mal contada e que o pai dela até nem era má pessoa.

 

O susto

Este ano a passagem de ano só se festejou no dia dos reis. O meu pai voltou para casa nesse dia e fizemos a nossa festa, com direito a foguetes e tudo.

 

Depois do susto, as coisas acalmaram. Ainda não voltou ao trabalho, o mínimo esforço deixa-o tonto, ainda vai demorar a recuperar. O que interessa é que está em casa e que aos poucos vai melhorando.

 

Cada vez mais acredito que as coisas acontecem por um motivo. A minha mãe disse-me que se não fosse eu, o meu pai tinha morrido. Cheguei a casa na hora H. Depois de uma semana a ir dormir às 22h, naquela noite fui sair e só cheguei a casa por volta das 02h30. E antes de subir ainda ajudei o meu irmão a carregar umas coisas. Ele tinha lá estado 5 minutos antes e estava tudo bem. Quando cheguei o meu pai chamou pelo nome do meu outro irmão, achava que era ele que tinha chegado. Fui ao pé dele dizer-lhe que tinha sido eu a chegar e não ele. O meu pai disse-me que estava muito mal disposto e estava cheio de dores e pediu-me para ir acordar a minha mãe. Já estava a chamar por ela há uns minutos, mas ela ferrada no sono, não o ouvia. Numa questão de minutos o meu pai começou a desfalecer. Liguei para os meus irmãos e para o 112. O primeiro não me atendia o telefone, o segundo nunca mais chegava e a ambulância demorou uma eternidade, quase 30 minutos, a chegar. E neste filme todo, o meu pai entrou em convulsões.

 

De casa ao hospital foi outro filme, os paramédicos não arrancaram logo, ainda estiveram um tempo à espera antes de arrancarem. Uma vez no hospital foi outra eternidade para entrar nas urgências. 


A primeira noite foi critica, embora na altura eu ainda não tivesse bem a noção. Quando finalmente pudemos ver o meu pai, o enfermeiro que o acompanhava fez muita força para que ficassemos lá com ele. A minha mãe assumiu aquilo como uma despedida, como se já não houvesse nada a fazer e nos estivesse a ser dada a possibilidade de dizer adeus. 

 

O dia seguinte foi dificil. O a seguir também. O enfermeirou disse-nos que, se por acaso não houvesse cá um hospital e tivessemos de ir ao hospital da cidade mais próxima, que é a cerca de 30 minutos, o meu pai não se safava. 

E é assim, quando achamos que está tudo bem, vem a vida dar-nos uma chapada destas para nos relembrar que não podemos baixar a guarda, nem tomar nada como garantido. 

28 anos de casados

Os meus pais fizeram este domingo 28 de casados. Para tristeza da mãe, o meu pai nem se lembrou. Foi passear sozinho e não a deixou ir com ele. Voltou muito contente com as relíquias literárias que tinha conseguido arranjar, e a continuar sem se lembrar.

 

Entretanto a minha mãe contava-me como tinha sido triste o dia de casamento até à hora de casar.

 

Estar casado não é para qualquer um. É preciso gostar mesmo muito para se ultrapassar estas falhas, que para um podem ser pequenas, mas para o outro são dolorosas. Mas é isto o amor? É só haver esforço da parte de um? Acho que o meu pai não tem consciência da mulher que tem ao seu lado. Ela põe sempre a felicidade e necessidades do outros acima das suas e é incrível como ele nunca reconhece o seu valor. 

Pai retrógado

Ontem, fui sair com os meus amigos para celebrar o aniversário de um deles. Foi a primeira vez, desde que o semestre começou, que saí. Como houve uns compromissos antes que atrapalharam os horários de toda a gente e como hoje era feriado, só nos encontramos às 00h15. Como já não tenho aulas nem testes, só entregas de trabalhos, como nos encontramos tão tarde e como já não saía há tanto tempo, não tinha intenções de chegar cedo a casa. Dito e feito, cheguei tarde como já estava a contar. Vem o meu pai há bocado resmungar comigo por causa disso e depois de tanto mandar vir, como é que termina o discurso? Com a frase "Tu não és um rapaz!"

 

Não posso chegar tarde a casa porque não sou rapaz. Porque claro, fui eu que escolhi nascer rapariga. Tanta coisa que podia ter dito para argumentar e veio com a pior saída possível. Fico burra com isto.

 

Quando era míuda, o meu pai foi a um congresso, como bom congresso que foi, chegou de lá cheio de tralha. Entre a tralha havia um baralho de cartas e ele perguntou-nos a nós, filhos, quem é que queria ficar com ele e eu disse que queria claro. Que me respondeu ele? "Tu? Mas tu és rapariga, as raparigas não jogam às cartas!" e não mas deu, deu-as a um dos meus irmãos rapazes.

 

Não só não posso chegar tarde a casa porque não sou rapaz, como também não posso dizer palavrões, nem sequer jogar às cartas. Eu fico parva.

Repetição do ano passado

Começa a tornar-se hábito, um hábito horrível. Tal como aconteceu o ano passado, exactamente por esta altura, o meu pai voltou a ter de ir ao hospital por estar a tossir sangue... Fiquei preocupada, mas pelos vistos sem ter bem a noção da gravidade da situação. A minha mãe, hoje, elucidou-me e disse-me que o meu pai estava muito doente, e que tem de parar de fumar imediatamente ou pode acabar mal. No entanto, ele teve a lata de dizer que vai acabar o maço de tabaco que comprou. Anda a brincar com o fogo.

A sério pai?!

Estive um mês e tal no marranço total, cheia de testes, trabalhos e exames. Estou há menos de uma semana de "férias" enquanto espero o resultados dos testes/exames para saber se tenho de ir a recurso ou não. E o quê que o meu pai me diz, depois de eu estar mais de um mês sem sair de casa, sem ter vida e de estar completamente dedicada aos estudos?


Às duas da manhã:


Pai - Que estás a fazer?

Eu - Estou a ver uma série.

Pai - E não tens que estudar?!

Eu - Pai, estás doente? Então já não fiz os exames todos?!

Pai - E depois?!

Eu - E depois?! O semestre está a acabar, e vai começar um novo, com novas cadeiras, vou estudar o quê?!


A sério. Se há coisa que detesto é que me mandem estudar. Eu sei perfeitamente quais são as minhas obrigações e cumpro-as! Não preciso que andem constantemente em cima de mim a mandar-me fazê-las. Ainda por cima depois da merd* de mês que tive, só a estudar. Tira-me do sério.