Amor? Sem um, nem outro
Estive tanto tempo solteira, anos mesmo, e, de repente, vi-me metida numa encruzilhada gigante entre duas pessoas.
Há coisa de dois/três meses, um amigo de longa data, o D, com quem tinha perdido contacto, convidou-me para tomar café. Fui, nervosa como tudo, já não o via há anos, e correu muito bem. Meio que fiquei pancazita por ele. Estava um homem bonito e super interessante, não costumo cruzar-me com pessoas tão interessantes como ele, e comecei a imaginar mil e uma coisas e a fazer muitos filmes...
Entretanto, fui trabalhar uns dias para uma cena e conheci um rapaz, o A. Era engraçadito e estava sempre a pegar com uma colega nossa mais nova, divertia-me muito ao vê-los aos dois. O trabalho acabou, foi cada um à sua vida e dei por mim a pensar imenso nele. Que nunca mais o ia ver na vida, que devia ter falado mais enquanto trabalhavamos, enfim.
Continuei a ir tomar café com o D e, embora para o segundo café não tenha ido tão entusiasmada como fui para o primeiro, a verdade é que correu muito bem e cheguei a casa contente.
Nem uma semana tinha passado, desde que o trabalho tinha acabado, e eu e o A começamos a falar e, desde esse dia, nunca mais paramos. Fomos tomar café, achei-o um tone e, enquanto lá estava, percebi que nunca ia haver nada, que afinal não lhe achava assim tanta piada. Continuamos a falar e eu meio que ignorei o que senti no café.
O D não dava sinais nenhuns de estar para aí virado e fiquei a achar que era só mesmo a cena de sermos amigos e comecei a pôr de parte qualquer interesse que pudesse ter por ele, até porque só tomavamos café uma vez por mês e nunca falavamos a não ser para os marcar.
Certo dia, eu e o A fomos trabalhar juntos, calhou, chamaram-nos aos dois, e todo aquele ambiente de trabalho deu-me pica. A piada que não lhe tinha achado no dito café, naquele dia estava ao rubro. Levou-me a casa no fim, tranquilo, e convidou-me para sair no dia seguinte.
No dia seguinte, acabou por se dar o beijo, que deu inicio às coisas.
Andávamos há 2 semanas, quando o A foi um mês para fora. Durante esse período, o D voltou a convidar-me para tomar café. O café correu muito bem, falamos imenso sobre imensa coisa e no fim quis ir dar uma volta. Estávamos no carro a caminho e eu rezava para que fosse filme meu e que ele não tivesse interesse nenhum. Saiu-me o tiro pela culatra. Depois de muito conversarmos, aproximou-se de mim e quase me beijou. Parei-o a tempo.
Ele não percebeu e eu não sabia como explicar. Disse que estava tudo bem e perguntou-me se não queria. E eu perguntei-me o mesmo: quero ou não quero? O que raio é que eu quero? A verdade é que o D é o mais parecido com o que sempre quis. É super culto, interessante, bonito, mas o A existe e eu não sei lidar com esta situação. Escolhia um em detrimento do outro? Se fizesse um prós e contras o D ganhava, mas o A dá-me segurança e vontade de estar, por outro lado, não me estimula e acrescenta a cultura que o D tem para dar e para vender e isso para mim é tão importante.
Tanta indecisão fez-me perceber que não estou bem com nenhum, que o melhor mesmo é continuar sozinha.