Ser mulher, em minha casa
Ser mulher, em minha casa, é não puder chegar tarde a casa, porque, como me diz o meu pai "tu não és nenhum rapaz!". É ficar a arrumar a cozinha, antes e a seguir ao jantar, enquanto os homens vêm televisão e estão na sua boa vida. É não poder ficar com um baralho de cartas, porque, segundo o meu pai "tu és rapariga e as raparigas não jogam às cartas!" É levar com expressões sarcásticas dos irmãos como "faz-te homem". É não poder dizer palavrões ou soltar um arroto, porque "fica mal a uma menina". É não poder estar num dia mau, que estou logo com o período.
É ter de lidar com a incompreensão de uma familia dominada por homens, que não percebem, que as mulheres têm necessidades diferentes das deles.
Em pleno século XXI, ser mulher, em minha casa, é isto.