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Lazy Lover Undercover

Lazy Lover Undercover

O teu nome é sinónimo de inferno

A pessoa que eu mais odeio no mundo voltou para casa. Para minha casa. A melhor coisa que me aconteceu na vida foi, precisamente, quando ele saiu de casa. Finalmente, passei a ter paz e a sentir-me bem num sítio que, para mim, até esse momento, tinha sido sempre sinónimo de inferno. E, agora, caído de pára-quedas, voltou. A namorada, com quem vivia, acabou com ele e, como a casa era dela, ele acabou recambiado para cá.

Estou a falar de uma pessoa que sempre me tratou abaixo de merda e que se orgulhava de dizer que era "um parasita da sociedade". Há muito trauma a viver em mim desses tempos. Da constante inferiorização e humilhação a que me sujeitava, dos insultos ora assumidos ora disfarçados, da manipulação aos meus pais contra mim, do caos que sempre adorou criar. Acha-se deus, acha que manda e que tem de ser tudo à maneira dele e que nós, que já cá estavamos, é que temos de seguir as regras dele. O pior de tudo é que ninguém diz nada e ele, de facto, manda e passou mesmo a ser tudo à maneira dele. A minha casa deixou de ser um sitio onde me sentia bem e passou a ser o inferno de antigamente.

Odeio a presença dele. Os meus níveis de stress e ansiedade aumentam drasticamente de cada vez que estou no mesmo espaço que ele. Odeio a voz dele, o cheiro dele, o tiques dele, odeio-o!

Sempre odiei as horas de jantar, quando ele cá estava, para mim sempre foram tortura. Pois bem, a tortura voltou e alargou-se também ao almoço e a qualquer hora do dia em que esteja em casa. A sala passou a ser um sítio a evitar, porque ele está sempre lá. As conversas que tinha com a minha mãe acabaram, porque ele está sempre lá e, para evitar que ele meta o bedelho e diga coisas para me fazer sentir mal, eu escolho simplesmente não abrir a boca, enquanto ele lá está, que é sempre.

A minha paz já era. A minha raiva, que há muito não se manifestava, está em ponto de ebulição. Os dia que correm bem são completamente arruinados por ele. As unhas são cravadas na cabeça com cada vez mais força, numa procura desesperada de alívio. 

Estou a tentar arranjar uma solução. À primeira vista, a resposta imediata seria sair de casa, porque eu sei que, agora que ele voltou, nunca mais vai sair. E eu nunca mais vou ter paz. Mas, sejamos realistas, não ganho nada por aí além e é algo que, a curto prazo, não se vai concretizar.

Engolir em seco

Não sei se foram os 28 que vieram mexer com tudo ou se, numa infeliz coincidência, se cruzaram com um desregulo qualquer hormonal, mas nestas últimas duas semanas que passaram, desde que os celebrei, tornei-me um caco. Estou toda lixada da cabeça. Não sei se, a par disto, a minha cabeça deu um boom qualquer por causa das facadas que recebi, entretanto, se os sapos todos que engoli fizeram a minha alma rebentar...

As minhas "amigas" espetaram-me alta facada ao marcarem um jantar de mulheres (o primeiro dos últimos 10 anos) para o meu dia de anos, sabendo perfeitamente o dia que era e que eu não ia, quer estivesse cá, quer não estivesse. E, depois, a organizadora de tudo isto, a mesma que sugeriu o dia e perguntou "não te importas, pois não?" ainda teve a lata de me parabenizar com um "parabéns amiga, espero ver-te em breve". Really bitch?! Fuck you! Achei uma falta de respeito, noção e consideração. Eu jamais faria sequer parecido a qualquer uma delas.

Fui ao Nos Alive, ver Florence + The Machine, que era tudo o que eu mais queria, passei a meia noite dos meus anos no concerto a ouvir a "Hunger", que é das minhas músicas preferidas deles e não me conseguia sentir bem, não estava a conseguir desfrutar, sentia-me vazia. Diria que estive em concordância com a canção. Na viagem de regresso para casa, dois dias depois, e que durou mais de 4 horas, tive alto meltdown no autocarro. Quando cheguei a casa, já estava recomposta, mas tive de lidar com o meu pai que estava insuportável, a criticar tudo e mais alguma coisa como sempre, e com o stress da minha mãe, uma bomba relógio, que só quer, à força toda, que esteja sempre tudo bem.

A situação no trabalho, que esteve tranquila durante uns meses, azedou outra vez e estou mesmo a ficar de saco cheio. Paciência zero para a besta do meu patrão. Farta que o meu colega fique com os louros todos de trabalhos em que eu fiz metade ou mais de metade. Farta do estúpido do meu patrão, que não valoriza nada do que faço, que me humilha em frente aos clientes, que arranja sempre maneira de me culpar de coisas que ele decidiu sozinho. Farta de lhe perguntar sobre o meu contrato e de ele não ser capaz de me dar uma resposta clara. Fiquei de o assinar há duas semanas e até agora nada. Só está preocupado com o eventual prémio que pode vir a receber, por me empregar depois do estágio, de resto, não se podia estar mais a cagar. Não vou tolerar muito mais tempo tanta falta de respeito junta, um dia destes vou rebentar. Só me mantenho, porque preciso desesperadamente de ter pelo menos dois anos de experiência, para depois ser mais fácil arranjar trabalho noutro lado qualquer.

O *#?=º." do D. basicamente fez-me ghosting, há mais de 6 meses, e isto tem me batido imenso, nos últimos tempos. Dei-lhe uma nova oportunidade e ele voltou a estragar tudo e, desta vez, foi pior, porque me tirou da paz em que estava e só me lixou. O corpo e a cabeça. Deixou-me na merda, fez-me e faz-me sentir um lixo. Para quê aquilo tudo, no ano passado, se era para me fazer isto e me deixar assim?

Tenho engolido em seco tantas vezes, para não começar a chorar do nada. Parece que tudo o que já estava mal afunilou agora. Lá está, coincidiu com esta entrada nos 28, qual maldição. Virou um peso difícil de suportar. Acho que vou começar a ir a um psicólogo. Não tenho ninguém com quem falar e há anos que quero ir, acho que chega de adiar. Vou esperar uns dias pela consulta com o meu médico de familia, para lhe pedir sugestões. Até lá, é continuar a engolir em seco, um dia de cada vez.

Eurovisão: Ainda bem que ganhou a Ucrânia

Com guerra ou sem guerra, ainda bem que ganhou a Ucrânia, para mim foi merecido. A música é memorável e, na minha opinião, muito melhor do que a do Reino Unido, da Espanha ou da Suécia, que ficaram no pódio no voto do júri. Bendito público. Nem sempre concordo, mas este ano estivemos alinhados. O ano passado fiquei um pouco desgostosa. Até gostei da música italiana, mas para mim tinha ganho a Suiça. Este ano, dava a vitória ou aos Países Baixos, ou à Lituânia, ou à Ucrânia ou a nós, claro. A música portuguesa começou a tocar e deu-me logo vontade de chorar. Ainda bem que a Maro a rearranjou e juntou mais vozes, ganhou logo outro encanto. E nós lucramos um belo 9º lugar, nada mau, para quem há uns anos ou não passava à final ou nunca recebia pontos de país nenhum.

Este ano, felizmente, houve pouca berraria e mais países a cantarem na lingua materna, mas também não houve nenhuma música que me tivesse deixado completamente encantada, a não ser a da Maro. Também gostei muito da música da Islândia que só ficou em 23º lugar. A da Sérvia era estranha para caramba, mas acho que acabou por se entranhar em mim e em toda gente, tanto que acabou em 5º lugar. Tal como o ano passado não percebi o favoritismo da canção de Malta, este ano o mesmo acontece com a de Espanha e a reacção é a mesma: Deus me livre e guarde!

Outros pontos altos da noite foram o arranque da cerimónia com a actuação conjunta da música Give Peace a Chance do John Lennon, a actuação do Mika e a Laura Pausini a cantar a Volare com o público que assistia e eu, que no início achei que ela estava a fazer playback de tão bem que estava a cantar na actuação dela, engoli o que pensei, ela canta mesmo bem.

Um aparte: Adorava ir a uma festa onde só tocassem músicas da Eurovisão.

Senhor, me dê paciência, para aturar o meu patrão

Se, no início, senti que tinha voz e que a minha opinião importava, agora, voltei a ter medo de abrir a boca. Está sempre mal disposto, sempre na iminência de se passar. Se pergunto alguma coisa, que para ele é óbvia, diz-me "já devias saber isso", "essa pergunta é estúpida", "perdeste uma boa oportunidade para ficares calada" e, ainda, "faz mais e pergunta menos". No outro dia, passou-se, porque me deu uma tarefa, no entender dele fácil, mas que, para mim, não era assim tão fácil e, em vez de lhe perguntar alguma coisa ou de lhe pedir ajuda, tentei resolver por mim. Acabei por demorar muito tempo a fazer algo, que podia ter sido feito em pouco tempo. E, não lhe perguntei nada, porque não queria levar com uma das respostas de merda dele, nem levar com uma explicação que me deixa ainda mais confusa, como é seu apanágio, nem levar com uma resposta torta e ficar-me a sentir a pessoa mais burra à face da terra. Mais, já no fim, quando já tinha terminado o trabalho, e depois de ele me dizer que estava bem feito, é que me veio explicar como se fazia. Tive que respirar fundo para não lhe responder "obrigada, mas essa explicação tinha dado jeito no início, e não agora, que já descobri como se faz e que já está feito!".

A cada dia que passa, encontro paz no pensamento de que o fim do estágio se está a aproximar. Neste momento, faltam, precisamente, 4 meses para isto acabar. Sim, estou a aprender imenso. Tirando o patrão horrível que tenho, tem sido uma experiência hiper enriquecedora, tenho tido oportunidade de viver coisas fixes, de conhecer pessoal fixe, de estar em contacto com empresas sobre as quais nada sabia, de abrir horizontes. Mas, sinto que fiquei mais atada do que era, que estou a perder discernimento e que a minha paz está a chegar a níveis negativos.

Uma segunda-feira destas, cheguei ao gabinete e percebi logo pelo "bom dia" dele, que havia alguma coisa de errado. Foi mais seco e antipático do que o costume, mas ao meu colega, que chegou com 20 minutos de atraso, deu-lhe o olá mais afável do mundo e ainda mandou uma graçola para se rirem os dois. Evitei ao máximo qualquer contacto com ele. Passado umas horas, olhou para mim com um olhar fulminante e disse-me que fiz uma asneira. Perguntei-lhe onde, porque não me lembrava mesmo de a ter feito, e ele respondeu-me inflamado "eu é que não fui de certeza!". Mas eu disse que foi? Eu só perguntei onde tinha sido, para poder ver no meu computador a dita asneira e garantir que não a voltava a repetir.

Uma altura, passou-se comigo, por causa de uma porcaria de uma lente e ainda me disse "e não olhes para mim com essa cara, como se eu não tivesse razão nenhuma no que estou a dizer!". Eu estava em silêncio, a ouvi-lo e a tentar não mostrar qualquer tipo de reacção, a rezar para que ele se calasse. Engoli em seco, para não começar a chorar de nervos, e respondi-lhe "é a minha cara, o que queres que faça?!" e a namorada dele, que também lá estava, interviu e disse "alguém acordou mal disposto da sesta que fez de tarde", só para acalmar os ânimos. Passado dez minutos, já estava calminho e a mandar piadas. E eu ainda sorri, só para não contribuir mais para o ambiente pesado, nem levar com piadas machistas de estar sensível e irritada por estar com o período, como já o ouvi dizer de uma outra colega.

Ter de levar com um patrão assim é altamente frustrante e desmotivante. É machista, tem um feitio horrível, acha-se o dono da razão, é hiper confuso e incoerente. Nunca chega a horas a lado nenhum, nem quando temos clientes à espera, e as secas que já me deu! Acha que pode falar como quer, quando me tento justificar, começa a falar por cima em tom jocoso. Explica uma coisa a 10% e espera que uma pessoa entenda a 100%. Percebe sempre tudo ao contrário. Tenho a certeza absoluta que, qualquer pessoa que já tenha trabalhado ali com ele, dirá o mesmo. Depois admira-se que o pessoal se despeça e de ficar sem equipa. Quando comecei a trabalhar ali, as três pessoas que trabalhavam com ele tinham acabado de se despedir e ele tinha chamado de urgência uma antiga colega, com quem tinha trabalhado anos antes (colega essa que, entretanto, também se despediu, porque lhe ofereceram uma oportunidade melhor). Ninguém aguenta muito tempo a trabalhar com uma pessoa assim. Eu estou há 8 meses e só me quero ir embora.

Vai ser a covid a ditar o fim da nossa história?

A pior coisa que podia ter acontecido, aconteceu. Estou com covid e infectei o D. Só fui fazer o teste, porque o meu patrão testou positivo. No entanto, o nosso colega, a pessoa que andou doente nestas últimas duas semanas e que mais sintomas teve, testou negativo. Fez um teste por semana, desde que ficou doente, e deu sempre negativo. Não sei se fui eu que infectei o meu patrão ou se foi ele que me infectou a mim. Não senti nada de anormal. Andei com dor de garganta, no início da semana, mas na terça, depois de uns gargarejos com borato de sódio, passou e fiquei fina. Tinha apanhado muito frio, uns dias antes. A água quente falhou-me durante o banho e estive uns 10/15min ao frio, enquanto a minha mãe mudava a botija. Só que a botija estava estragada e o esquentador não ligava. Já para não falar do gelo que é a minha casa e do facto de estarmos no inverno. No fim de semana, andei meia constipada, mas era só isso, ranho.

Era quase certo que, este ano, ia apanhar covid. Mesmo tendo todo o cuidado do mundo. Andei dois anos a passar pelos pingos da chuva. Já tinha tido o meu pai infectado, em 2020, logo durante o primeiro confinamento, e não fiquei. A minha mãe esteve infectada, há dois meses, e também não fiquei. Agora estou eu e eles não. E, pelo caminho, infectei o D.

Estive com ele na sexta, dois dias antes de ele voltar para o país onde trabalha. Ele fez teste antes de ir e deu negativo, mas hoje voltou a fazer e já deu positivo. Sinto-o furioso comigo. Já me desfiz em pedidos de desculpa. Os meus amigos dizem-me que, da maneira que isto está, com esta variante ómicron, ninguém vai escapar e ficar chateado é só parvo. Eu sei que não é e espero que ele não tenha infectado ninguém, muito menos a família dele. Eu não tive comportamentos de risco, a minha vida é só casa-trabalho, trabalho-casa. Ao fim de semana, não saio de casa. Não estou com os meus amigos há séculos, ainda há dias tinha a festa de anos de uma amiga e não fui, entre outros motivos, porque ia muita gente.

Sinto-me horrivelmente mal. Ainda por cima, fui eu que lhe mandei msg a perguntar se não arranjava 5min para um abraço de boa viagem. Depois de ter ido embora, da outra vez, sem se despedir, decidi tomar iniciativa. Maldita a hora. Como é obvio, não o infectei consciente de que o estava a fazer, não foi propositado. Devia ter feito um teste, antes de ir ter com ele? Se calhar, devia. Mas a minha vontade de me despedir dele e de o ver uma última vez, bloquearam-me qualquer pingo de racionalidade. Facilitei a achar que não era nada. Mas, ainda há pouco tempo, tive uma constipação muito pior que isto. Ele tem o direito de estar chateado e de achar que fui uma irresponsável de merda. E tem alguma razão. E, por isso, não caibo em mim de tristeza.

Não abriu a minha última msg e já sei que, nos próximos meses, a não ser que alguma coisa má aconteça, não me vai dirigir a palavra. Depois disto, não me vai querer ver nem pintada. Nunca na vida me vai convidar a visitá-lo. Só quero que esta semana passe rápido, que fique tudo bem, e que o tempo acalme os ânimos. Na semana em que mais precisava de trabalhar e de manter a cabeça ocupada, estou em isolamento. A minha cabeça não pára de imaginar cenários maus, como forma de preparação. Será que, depois de tudo, vai ser este o motivo da rutura definitiva entre nós? Se não sobrevivermos a isto, então, não é mesmo para ser. Já andava mais frio e distante, antes de ir, isto provavelmente foi só a gota de água.

Aliás, sábado fartei-me de chorar. Na sexta, falamos sobre o trabalho e basicamente ficou bem patente que uma relação séria nunca na vida seria possível nos próximos dois anos, no mínimo. E esta situationship não se aguenta tanto tempo. Se calhar, só preciso de amor próprio e esta situação toda vem só trazer-me clareza.

2021

Estágio Profissional na área - Este ano, pela primeira vez desde que acabei o mestrado, em 2017, não tinha como objectivo arranjar trabalho na área. Tinha planeado arranjar um emprego qualquer, mal começasse o ano, numa loja, num restaurante, qualquer coisa que me permitisse juntar dinheiro para ir para fora, por volta de maio. Desde o voluntariado que fiz na Polónia, no final de 2020, que fiquei cheia de vontade de sair daqui e viver no estrangeiro, mas desta vez por um período mínimo de 6 meses. Andava a candidatar-me a alguns voluntariados de longa duração e a ter entrevistas online, quando vi uma vaga para a minha área, numa empresa fixe e muito perto de minha casa. Mandei currículo por descarga de consciência e, no dia seguinte, responderam-me com um convite para uma entrevista presencial. A entrevista ficou marcada para o dia 3 de junho, curiosamente, o mesmo dia em que fiz as pazes com o D. Naquele dia, parece que os astros se alinharam todos para mim. A entrevista correu super bem e, três horas depois, estava com o D, que já não via há 2 anos, a resolver a bem a nossa história. Fiquei com a vaga e, uns dias depois, comecei um estágio profissional como videógrafa. Tudo o que sempre quis. Tenho aprendido muito e há dias em que penso que podia ficar ali muito tempo, que seria feliz. Mas depois há outros, que me dão vontade de mandar tudo pelo ar e me fazem desejar que o tempo passe rápido, para o estágio acabar e eu me passar ao aço dali. Um dia de cada vez.

Aulas de Francês – Um dos objectivos que tinha definido para este ano era chegar ao nível B1 em francês. Não sei se cheguei lá, mas que aprendi muito francês, lá isso aprendi. Durante dois meses, tive aulas de francês online e compensaram muito. Aprendi imenso. Só parei com as aulas, porque comecei a trabalhar. No total, foram três cursos e quase 150h de aulas. Mais o Duolingo, que é uma maravilha de aplicação, para quem quer aprender línguas.

Galiza – Todos os anos, viajo pelo menos uma vez. Este ano, foi a primeira vez, desde há 6 anos, que não viajei de avião para nenhum lado. Fui de carro até à Galiza, com uma amiga e a namorada dela, durante três dias, e adorei. Estive em Baiona, Vigo e nas Ihas Ons e achei tudo tão bonito. Só tive pena de ter sido tão pouco tempo. Tinha ficado na boa uma semana.

D. - Claro que o D. também marcou o meu ano. Mesmo que a nossa história fique por aqui, este ano ficamos a conhecer-nos melhor e vivemos coisas fixes. Já tínhamos estado juntos antes, mas passarmos a noite juntos e acordarmos abraçados foi a primeira vez. Cozinharmos juntos, também aconteceu pela primeira vez este verão. Vermos filmes e séries juntos, também. Foi o mais próximo que tivemos de uma relação a sério.

Banda Sonora - No primeiro semestre, só ouvia uma playlist de músicas que costumava ouvir na Polónia, punha-me sempre bem disposta. Quando a tristeza batia, virava-me para London Grammar. O segundo semestre foi todo para Florence + The Machine. A Florence é a única artista no mundo em cujas letras me revejo. Tem músicas para tudo o que sinto e que quero dizer e não consigo. Termino o ano com a "What kind of man" a tocar em loop.


Deixar para não ser deixada?

O D. (daqui e daqui e que tem toda uma tag dedicada) voltou. Depois de 1 ano e meio sem nos falarmos e de 2 sem nos vermos.

Quando estava na Polónia, em dezembro de 2020, ligou-me pelo whatsapp. Fiquei incrédula (no final de 2019, tinha-o bloqueado em todo o lado,  na altura nem tinha whatsapp) e bloqueei-o. Em Fevereiro, uma amiga em comum mandou-me msg a dizer que ele lhe tinha ligado, para lhe pedir para falar comigo. Que me queria pedir desculpa, mas que tinha percebido que eu o tinha bloqueado em todo o lado. Depois de muito matutar, acabei por desbloqueá-lo. Mandou-me mensagens grandes a pedir desculpa e a justificar o lado dele. Respondi-lhe uma vez a dizer-lhe como me tinha feito sentir e nunca mais voltei a dizer nada. Ao fim de alguns meses, falamos pessoalmente. Não nos víamos há 2 anos e fizemos as pazes nesse dia. E, também nesse dia, deixei de o achar uma besta e dei por mim a ficar completamente apanhada, outra vez. Ele, logo a seguir, voltou para o estrangeiro, onde trabalhava, nessa altura. Mas, já lá, disse-me que tinha tido uma ideia louca, mas que nos podia ajudar a finalmente perceber muita coisa. A ideia era eu ir ter com ele e fazermos um viagem juntos por lá. Queria muito ter ido, mas entretanto comecei a trabalhar e as nossas datas não eram compatíveis. Combinámos passar uma semana juntos, quando ele voltasse a Portugal, em Agosto. Acabámos por só passar 1 dia e meio. E, depois disso, esteve duas semanas sem me falar. Mais tarde, disse-me que se quis distanciar para perceber se se sentia bem comigo e chegou à conclusão que sim. Disse-me que gostava de estar comigo e se sentia bem comigo, mas que, dali a umas semanas, ia de novo para fora trabalhar, durante 1 ano, e uma cena à distância era muito fodida. Passámos os dois meses seguintes juntos, uma vez por semana. Nunca em date, nunca a tomar café, nem a beber um copo, nem a passear, nem a ir ao cinema, nada disso.

Esta dinâmica sempre me angustiou. Sempre quis mais. Não digo um namoro, mas pelo menos algo com sentido, que não se resumisse a cama. Eu sei que para ele sou mais do que isso, falamos imenso sobre isto. E ele pode ter muitos defeitos, mas ser mentiroso não é um deles. Chegou a dizer-me, quando me pediu desculpa, que eu era e continuava a ser uma pessoa muito especial para ele e que era em muita coisa a rapariga ideal para ele.

Independentemente de não dar para termos nada sério, nem à distância, no meu entender, dava perfeitamente para termos muito mais do que isto. Mas, deixei-me estar, porque queria aproveitar ao máximo todos os segundos que pudesse passar com ele.

Foi embora e, nos últimos 10 dias em que cá esteve, não arranjou nem 1h para estar comigo e se despedir. Um mês depois, mandou-me msg a perguntar quando é que o ia visitar. Ainda ponderei e vi voos, os preços estavam absurdos e, sem grande conversa, disse-lhe que estava tudo muito caro e que não compensava. Um mês depois, voltou, nem sabia, mas mandou-me mensagem a perguntar se queria ir ter com ele dali a umas horas, eu perguntei onde e lá nos combinámos. Apanhou-me em casa, entrei no carro, esperei que ele terminasse o telefonema que estava a fazer, para fechar a porta do carro. Fechei-a e, quando ia pôr o cinto, ele inclinou-se para me beijar. Fui a medo, aquilo era inédito, nunca nos tinhamos cumprimentado assim, antes. E não foi um, nem dois beijos, foram alguns, fiquei parva da vida e apeteceu-me dizer "eram tudo saudades?", não disse, guardei para mim. Perguntei-lhe como estava, falámos das nossas mães e fomos até casa dele. Estivemos juntos duas vezes, mas a segunda não correu bem e fomos em silêncio embora. Uma semana depois, mandou-me mensagem a perguntar se estávamos juntos naquela tarde, eu disse-lhe que estava a trabalhar. Ele perguntou-me a que horas acabava e ficamos combinados para depois do jantar. Eram 22h30 e nem sinal dele. Mandei-lhe msg a perguntar se sempre vinha, respondeu-me a dizer que tinha estado a ver o sporting e que ainda ia tomar banho e a perguntar se eu podia no dia seguinte ao final da tarde. Disse-lhe que já podia ter dito e que no dia seguinte trabalhava de manhã à noite. Disse-me que, então, mantinhamos o combinado. Nisto já eram 23h e disse-lhe para cagar, que já era tarde. Ele ficou todo inflamado e respondeu-me torto a dizer que não percebia qual era a minha cena, que nunca tínhamos combinado hora. Disse-lhe que tinha trabalhado o dia todo, que depois do jantar contava que fosse tipo 22h/22h30, que no dia seguinte voltava a trabalhar cedo. Que não estava a reclamar, só estava a dizer que, tendo em conta o dia que tinha tido e o dia que ia ter, já estava tarde para mim. Não me voltou a responder.

Num dia normal, teria esperado o tempo que fosse preciso para estar com ele. Mesmo que trabalhasse cedo no dia seguinte, como era o caso. Mas, naquele dia, não me apeteceu fazer o esforço. Tem uma falta de consideração gigante por mim, deixa-me à espera eternamente, já me deu altas secas para a seguir me deixar pendurada, quando uma simples mensagem bastava para me avisar. E toda a cena de se ir embora sem se despedir e depois voltar e querer retomar de onde ficámos... Epa, aquilo atrofiou-me. E, depois, o só querer estar comigo depois das 23h. Nos dois meses em que estivemos juntos, foi quase sempre assim. Naquele dia não quis. Queria descansar e não me apetecia ter intimidade. 

Mandei-lhe msg a desejar um feliz natal e ele respondeu-me a desejar o mesmo. Mas foi seco, como é sempre. Sinto que continua chateado, embora ache que não tem motivo nenhum para isso. Sinto, o que sempre senti que, a qualquer momento, vou receber uma msg dele, como a que recebi há dois anos, a dizer-me que afinal não quer nada comigo e que não sente nada. E a deixar-me na merda, mais uma vez. 

As minhas amigas mais próximas dizem-me que ele não me acrescenta em nada, que não compensa e que mereço muito melhor. Que sou tão sensível e sinto as coisas de uma maneira tão bonita e estou presa a este penedo. Por estas palavras.

Gosto dele. Vi coisas nele, ainda que em pequenos vislumbres, que me fizeram acreditar que ele vale a pena. Gosto de estar com ele, sinto-me bem, mas, umas horas depois, quando já não estamos juntos, sinto-me super vazia e assim permaneço até voltarmos a estar juntos. Sinto que preciso de anos, para conhecer um pedacinho pequenino dele. O meu coração acelera, desalmadamente, sempre que recebo uma mensagem, na esperança que seja dele a querer estar comigo. Mas, depois, sinto que estou numa "relação" vazia, numa dinâmica que não é saudável, que quero muito mais do que isto. Sinto, muitas vezes, que nem amigos somos. Que ele está agarrado a uma ideia que tem de mim, e que não quer conhecer mais. Por outro lado, sinto que ele me quer conhecer melhor, mas não faz nada nesse sentido. Que eu tenho de aceitar tudo e ele não aceita nada, nem é minimamente compreensivo. Chegou a dizer-me que uma das coisas que o fez recuar, há dois anos, foi eu estar sempre a querer agradá-lo. Mas a verdade é que, quando digo alguma cena que o desagrada, ele passa-se logo.

Não sei se chego ao fim do ano com respostas. Sei que quero começar o ano com a cabeça arrumada e em paz. Não sei se vamos voltar a estar juntos ou se ele, entretanto, me diz que não quer mais. Não quero ser eu a desistir, por muito que sinta, que nunca vamos passar disto e que, sim, mereço melhor. Se desistir, desta vez, é a valer. Não volto. Nunca mais. Não sou uma pessoa carnal, sou emocional. A minha vontade de estar com ele, vem do que sinto por ele.

Enfim, a minha cabeça e o meu coração estão uma confusão.

Eurovisão, tinha muitas, muitas saudades!

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Finalmente, depois de uma espera de dois anos, voltamos a ter Eurovisão. Para mim é o evento do ano, aquele que mais anseio, sempre. Descartei-me de um jantar com amigas, para poder ficar em casa a ver. Sim, é a este nível.

Quanto a Portugal, senti muito orgulho, quando actuaram na segunda semi-final. Eu que, reclamei para o ar, quando os Black Mamba ganharam cá o festival. Foi uma boa chapada. Foi quentinho, soube bem e destacou-se imenso na semi-final em que foi. Na final, continuaram a estar bem e tivemos muitos pontos por parte do júri de cada país, fiquei admirada e muito satisfeita. Arrecadamos um bom 12º lugar, nada mau.

O Malato é que tem razão, o anúncio dos votos é mesmo impróprio para cardíacos.

Queria muito que tivesse ganho a Suíça, achei que ia ganhar a França e, no final de contas, quem ganhou foi a Itália. Fiquei desconsolada.

Não é que a música seja má, que não é. Este ano guardei as primeiras impressões para as semifinais, não fui ouvir nada ao YouTube antes disto. Quis a surpresa e a novidade. Talvez, por isso, não tenha percebido o fascínio todo pela canção italiana.

Quando foi a final, já ia a torcer por uns e nada por outros e estava curiosa pelas canções dos big5 + 1, que ainda não tinha ouvido. A da Alemanha, a de Inglaterra e a de Espanha eram muito fraquinhas. A francesa era muito boa, a dos Países baixos engraçadita e a de Itália, pronto, não desgostei mas, ouvindo pela primeira vez, nunca pensei que fosse ganhar.

Também não percebi o favoritismo da canção de Malta, nem como é que ficou em terceiro na votação do júri. Deus me livre e guarde. Adorei a canção da Ucrânia e, pelos vistos o público também, também gostei da da Finlândia e da Grécia e do refrão da russa. 

Gostei muito do interval act com os vencedores dos anos anteriores, muito bem conseguido.

Tive pena do vendedor do ano passado, Duncan Laurence, não poder actuar ao vivo por estar com covid. E os islandeses a mesma coisa.

Estou contente por este ano, mesmo com o virus, se ter feito o festival. Quando digo que tinha saudades, tinha meeeeesmo saudades. Foi um desconsolo o cancelamento o ano passado. Para o ano, espera-nos Itália. Já estou ansiosa.

"Fingimos que não aconteceu?"

O L. é dos amigos mais antigos que tenho, dos tempos de escola, um gajo altamente, que sempre curti. Fui crush dele, sem saber, durante o secundário e, só na universidade, quando o comboio já tinha partido, é que percebi. 

Nos últimos anos, falávamos 2 a 3 vezes por ano, só para checar o que um e outro andavam a fazer. Eu fui tendo as minhas cenas e ele as dele. Este check up anual foi se mantendo e era fixe, eu gostava desta dinâmica.

No final do ano passado, quando fui para a Polónia fazer voluntariado, começamos a falar mais, o check up passou a ser quinzenal. Uma mensagem dele já me fazia o dia e, claro, começaram os filmes na minha cabeça.

Quando estava na Polónia, disse-lhe que lhe ia trazer uma soplica (vodka polaca) e ficamos de combinar um dia, para a bebermos juntos, quando voltasse. Depois de maus timings e do segundo confinamento, este fim-de-semana, fui até à nova casa dele. Juro, pela minha vida, que não ia com intenções de nada. Ao fim de algumas horas, de muita conversa e álcool, rolaram uns beijos, por iniciativa dele. Tudo para a seguir me dizer, que namorava à distância. Levei um murro no estômago. Depois disto, tenho muitas brancas. Ele disse que só me via como amiga e eu desmanchei-me a chorar. Sei que lhe perguntei "então porquê que me beijaste?", acho que ele não respondeu. Depois começamos a discutir. Discutimos, por nunca termos admitido nada, na altura em que sentimos coisas um pelo outro. Discutimos, por já ser tarde demais. Por termos posto em causa uma amizade tão fixe. E, no meio da choradeira de bêbada, só fiz cenas.

No dia seguinte, acordei com uma ressaca desgraçada, uma dor de cabeça, que deus me livre, e com um peso gigante no peito. Ensaiei possíveis msgs a mandar, acabei por não mandar nenhuma. Foi ele quem mandou msg, a perguntar como estava, eu respondi “Com uma vergonha tão grande, quanto a dor de cabeça com que acordei”. Depois de me dizer, que não tinha porque me sentir assim, propôs: “fingimos que não aconteceu?”.

Como é que me tornei nesta gaja? A gaja com quem os comprometidos traem as namoradas. A gaja com quem nunca ninguém quer nada sério. A gaja a quem acham graça, quando são chavalos, e com quem depois, em adultos, matam a curiosidade, sendo sacanões. Não sei o que há em mim que leva os gajos a achar, que estou super na boa com cenas casuais. Não estou. Nem quero. Longe vai o tempo da descoberta e das asneiras. Só quero gostar de alguém, que goste de mim. Por mim. E não pela ideia que tem de mim. Não quero satisfazer curiosidades e ser deixada na merda.

Trabalho na área ou voluntariado?

Como tem vindo a ser meu apanágio, quando não estou a fazer nada, nada acontece e, quando finalmente arranjo o que fazer, chovem propostas de outros lados. Depois de muito tempo a morrer na praia, a ficar em segundo lugar em processos de recrutamento, que duraram meses, e com estágios e trabalhos prometidos, que nunca chegaram a acontecer, decidi candidatar-me a um voluntariado do Corpo Europeu de Solidariedade. Assim que fui selecionada para participar, fui contactada por um antigo professor da universidade, com duas propostas de trabalho na minha área. Tudo o que eu queria, na pior altura possível. 

Em tempos tão incertos como estes, a probabilidade de me cancelarem o voluntariado, por causa do agravamento da pandemia, é bem grande. Da mesma forma, ninguém me garante que, se por acaso for escolhida para algum dos trabalhos, estes não fiquem sem efeito, também, por causa da pandemia. 

Andei a morrer de ansiedade, até ser capaz de contar ao meu pai sobre o voluntariado. Contei-lhe, quando ele me perguntou como andava eu de trabalho. Eu podia ter-me facilitado a vida a mim própria. Dizia que ia fazer um voluntariado e não falava das propostas que tive. Mas não tive coragem de omitir nada e desbronquei-me logo. Para piorar a situação, ele não entendeu que o voluntariado já era certo. E, agora, estou metida numa situação altamente stressante e dilemática.

Adorava fazer o voluntariado, é pouco tempo, um mês e meio, é no estrangeiro e ia fazer-me crescer imenso. Ia viajar sozinha, pela primeira vez, viver num país que não o meu, cozinhar para mim, todos os dias, governar-me sem ajuda, e, quero acreditar, ajudar e levar alegria a quem mais precisa. Ia ser a experiência, pela qual tenho ansiado, estes anos todos.

Candidatei-me na mesma às tais propostas, de que o meu professor me falou, e, para as quais, me recomendou. Agora, é esperar que ninguém goste do meu currículo, nem do meu portefólio, e que não me chamem, para poder fazer o voluntariado de consciência tranquila. Por outro lado, se escolherem e o trabalho for mesmo irrecusável, não sei com que cara vou cancelar a minha participação, que já era certa, num voluntariado que ia adorar fazer, a três semanas de começar.

Posso, também, estar a pôr a carroça à frente dos bois e nenhum dos responsáveis das propostas ter qualquer interesse em contratar-me e toda esta ansiedade ser escusada. Ou, os astros estarem todos impecavelmente alinhados e poder fazer os dois, o voluntariado, até ao fim de dezembro, e começar o trabalho só em janeiro. Mas, claro que situações ideais nunca acontecem.