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Lazy Lover Undercover

Lazy Lover Undercover

Trabalho na área ou voluntariado?

Como tem vindo a ser meu apanágio, quando não estou a fazer nada, nada acontece e, quando finalmente arranjo o que fazer, chovem propostas de outros lados. Depois de muito tempo a morrer na praia, a ficar em segundo lugar em processos de recrutamento, que duraram meses, e com estágios e trabalhos prometidos, que nunca chegaram a acontecer, decidi candidatar-me a um voluntariado do Corpo Europeu de Solidariedade. Assim que fui selecionada para participar, fui contactada por um antigo professor da universidade, com duas propostas de trabalho na minha área. Tudo o que eu queria, na pior altura possível. 

Em tempos tão incertos como estes, a probabilidade de me cancelarem o voluntariado, por causa do agravamento da pandemia, é bem grande. Da mesma forma, ninguém me garante que, se por acaso for escolhida para algum dos trabalhos, estes não fiquem sem efeito, também, por causa da pandemia. 

Andei a morrer de ansiedade, até ser capaz de contar ao meu pai sobre o voluntariado. Contei-lhe, quando ele me perguntou como andava eu de trabalho. Eu podia ter-me facilitado a vida a mim própria. Dizia que ia fazer um voluntariado e não falava das propostas que tive. Mas não tive coragem de omitir nada e desbronquei-me logo. Para piorar a situação, ele não entendeu que o voluntariado já era certo. E, agora, estou metida numa situação altamente stressante e dilemática.

Adorava fazer o voluntariado, é pouco tempo, um mês e meio, é no estrangeiro e ia fazer-me crescer imenso. Ia viajar sozinha, pela primeira vez, viver num país que não o meu, cozinhar para mim, todos os dias, governar-me sem ajuda, e, quero acreditar, ajudar e levar alegria a quem mais precisa. Ia ser a experiência, pela qual tenho ansiado, estes anos todos.

Candidatei-me na mesma às tais propostas, de que o meu professor me falou, e, para as quais, me recomendou. Agora, é esperar que ninguém goste do meu currículo, nem do meu portefólio, e que não me chamem, para poder fazer o voluntariado de consciência tranquila. Por outro lado, se escolherem e o trabalho for mesmo irrecusável, não sei com que cara vou cancelar a minha participação, que já era certa, num voluntariado que ia adorar fazer, a três semanas de começar.

Posso, também, estar a pôr a carroça à frente dos bois e nenhum dos responsáveis das propostas ter qualquer interesse em contratar-me e toda esta ansiedade ser escusada. Ou, os astros estarem todos impecavelmente alinhados e poder fazer os dois, o voluntariado, até ao fim de dezembro, e começar o trabalho só em janeiro. Mas, claro que situações ideais nunca acontecem.