O mundo é mesmo pequeno
Quando andava no 7º ano, há sensivelmente 9 anos atrás, tinha uma panca enorme por um rapaz. Não sabia nada sobre ele, apenas que pertencia a uma organização mundial juvenil, da qual eu também fazia parte, e que andava na escola ao lado da minha. Durante 2/3 anos, cruzamo-nos muitas vezes na rua e suspirava sempre que o via. Era assim, um amor platónico partilhado pelos dois, no qual a única forma de comunicação era através dos olhares trocados. Ele era mais velho e, por isso, quando foi para a universidade deixei de o ver.
Há dois anos atrás, reencontrei-o no bar académico da minha universidade e a timidez, que o assombrava antes, nem deu sinais. Não trocamos uma única palavra, mas ele meteu-se comigo. Não parava de olhar e chegou a vir para perto de mim. Não lhe liguei nenhuma. A panca já tinha passado e eu estava noutra.
Este verão, quando me enamorei pelo 'kedi', voltei a ver o tal rapaz. Não é que os dois se conhecem? Este mundo é mesmo pequeno. Estava com o 'kedi' há coisa de uma semana e uma noite paramos num café. E lá apareceu ele, com mais dois ou três amigos e durante 20 minutos o clima esvaneceu e deu lugar à conversa sobre o futebol. Vá lá que foram só 20 minutos. Por acaso, essa noite foi das mais fixes que tivemos, (já depois de termos saído do tal café). Das duas últimas vezes que tive com o 'kedi', já depois de as coisas terem chegado ao fim, ele falou-me dela e de como adorou mexer-me no cabelo. Enfim, foi um aparte. Outro aparte, ele faz anos para a semana, 29... Meu deus, já estou a deprimir.
Adiante. Descobri, há pouco tempo, que um dos melhores amigos dele, que por acaso tem a minha idade, andou na primária com uma das minhas melhores amigas. É pequeno ou não é pequeno este mundo?
Outra prova de como o mundo é pequeno: Fui a Itália no verão e quem raio é que vi lá, não uma, mas duas vezes? A Teresa Guilherme. Dois dias seguidos, em cidades diferentes: Veneza e Florença. Quais eram as probabilidades? Tiraram-lhe carradas de fotos e ela pediu educadamente para que, se as quisessemos publicar, o fizéssemos apenas no dia a seguir. Só há coisa de um mês é que percebemos o porquê. Vimos numa capa de uma revista qualquer que estava de férias com o namorado, de quem, até então, ninguém sabia da existência, um moço mais jovem.
Estou um bocado aleatória. Nunca pensei falar do 'kedi', da Teresa Guilherme e da minha panca do 7º ano ao mesmo tempo. Foi um devaneio um bocado grande. E precisei, afinal, escrever é terapêutico.